sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Concerto no Theatro Circo, Braga (17-11-2007)

Foi com um convite que os Clã abraçaram ontem o Theatro Circo: “Vamos?”. Ainda que a noite musical estivesse a competir com o espectáculo de apuramento nos relvados, o público quase encheu a sala. Entre músicas do último trabalho, "Cintura", e canções mais antigas com novos arranjos, a plateia bracarense mereceu até dois encores.

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“Esta noite é para vocês”, segredou Manuela Azevedo. Os seus cinco companheiros de cena, cada um no seu canto, dividiam o palco com um barquinho de papel em tamanho XL, ao qual se juntaram, mais tarde, aviões do mesmo material a voar no tecto. O início suave começou a perder a compostura quando se ouviram os primeiros acordes do single do album novo, conhecido de todos, a julgar pela animação da plateia. “Tem cuidado tira a teima, vê aquilo que sou”, mas os Clã nem funcionam a meio gás. Qual teima?

Enquanto Paulo Furtado, em máscara, fazia a sua participação nesta música, um grupo atrasado de cinco pessoas dirigiu-se até aos seus lugares a dançar. E da porta do Theatro até à primeira fila passaram mesmo por muita gente. Entretanto, a animação continuou com "GTI" e "H2OMEM", com direito à habitual coreografia bem ensaiada. Entre os dois êxitos, Manuela ficou gigante, a duplicar. A tela ao fundo do palco encheu-se com "O Meu (seu) Estilo", do álbum de 1997, "Kazoo".

O percurso mais sensual na noite fez-se ao som da estória de Regina Guimarães, a única letra feminina de "Cintura". A explicação é simples, fala-se daquilo a que “os franceses chamam pequena morte: o orgasmo”, esclareceu a vocalista ao público. Este teve ainda oportunidade de subir ao "Sexto Andar", voltar ao "Ponto Zero" e andar até no "Carrossel dos Esquisitos".

“Esta é para ti!”, exclamou Manuela Azevedo. Estava a referir-se ao companheiro de canção Adolfo Luxúria Canibal, algures entre o público. Mais tarde, em conversa com o ComUM, o vocalista dos Mão Morta confessou que, ao vivo, Fábrica de Amores “ganha uma força extraordinária, sendo talvez uma das músicas que resulta melhor.” Esta foi uma das três canções escritas para o álbum anterior que “ficou de fora e entretanto foi aproveitada para este, com pequenos reajustes.” Mostrou-se um pouco envergonhado com as palmas que o público lhe dedicou.

O "Sopro do Coração" saiu da guitarra acústica de Hélder Gonçalves. A esta juntou-se a voz de Manuela. E a esta, o público mais ou menos desafinado, mas cheio de vontade de sentir a música perto de si. As músicas românticas têm destas coisas. Porém, passado pouco tempo, as muitas mãos entretanto entrelaçadas voltaram a agitar-se com "Topo de Gama" e "Corda Bamba". E quando os Clã anunciaram que estava a chegar a última música ouve-se um “ohhhhh” sincero.

Ah! Já se percebe para que era o barco XL. Barco a tira-colo, Manuela trata das despedidas ao ritmo de uma ondulação invisível, encaminhando aviõezinhos de papel até a algumas pessoas do público. Mas calma que o "Adeus (Bye Bye)" não é definitivo. Quando regressa o grupo, ovação em pé. E mais música.

A banda explica-nos, então, qual a "Utilidade do Humor", canção prevista por um dos presentes na plateia, que fez questão de gritar o seu palpite até ao palco. À volta de confetis, escondidos num saco verde, é tocada então a canção de Carlos Tê, que fica mesmo no final do último álbum. Depois de "Eu Ninguém", ainda há tempo para mais uma canção em coro: "Problema de Expressão".

E quando o público insiste que um encore só não é suficiente, eis que aparece Manuela Azevedo atrás da tela a dançar. Que terá ela em volta do corpo? Revela então uma corrente que a envolve, numa música com aroma a tango e a rosa presa entre dentes: "Narciso sobre Rodas". No entanto, ainda falta qualquer coisa. A última canção é uma novidade “é nova mas não está no álbum”. “É preciso vir aos concertos e merecer um segundo encore: "Compra" eu”, explica Manuela.

E mais palmas, todas bem alto, até ao tecto.

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(Fotos: Carlos Ferreira)

Fonte: Olga Pereira, ComUM

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