sexta-feira, 13 de março de 2009

Entrevista ao blog "Crónicas de Austin"

Blog "Crónicas de Austin"

O que leva cinco grupos de músicos portugueses a fazerem mais de 8.000 km de avião, atravessando o Atlântico até à cidade de Austin nos Estados Unidos da América, para se juntarem a cerca de 2000 bandas de todo o mundo e mais alguns milhares de pessoas ligadas à industria musical ou apreciadores de música, e participarem no festival South by Southwest - SXSW'09 ?

Voltem amanhã e nos próximos dias para irem acompanhando os desenvolvimentos destas histórias de portugueses no festival South by Southwest em Austin - Texas.

Entrevista

No sábado passado (7 de Março), ao fim do dia, estivemos em Vila do Conde com a Manuela Azevedo, para conhecer as perspectivas dos Clã quanto à sua participação no SXSW’09.

Esta vai ser a sua primeira participação neste festival e à partida as referências que têm são ainda pequenas.

“É a primeira vez que lá vamos e não sabemos bem o que esperar, embora o David (Fonseca) já nos tenha contado algumas coisas, e de sabermos que o concerto que vamos fazer vai ser uma coisa vertiginosa, pois temos muito pouco tempo para a montagem”.

Local do concerto para Meio-Clã

A actuação que têm prevista para as 22h do dia 18, irá realizar-se num local particularmente curioso, numa igreja (Saint David’s Church). “Originalmente estávamos agendados para o Momo’s, mas depois mudaram-nos para a Igreja o que acabou por ser conveniente em termos de logística, pois eles têm lá um piano acústico. Só vamos levar uma guitarra acústica connosco e vamos poder experimentar um formato que já tínhamos experimentado num concerto especial no Teatro Circo (Braga) relacionado com o Tribunal do Iraque".

O modelo escolhido para a apresentação foi adaptado à realidade com que estão a contar e ao facto de este ser um ano de aprendizagem e experiência: “Vamos só eu, o Miguel e o Hélder, em trio. Piano acústico, guitarra e voz. Só vamos “meio-Clã” porque levar toda a gente era um investimento muito grande e era uma coisa muito complicada de se realizar com todo o material, havendo os limites de tempo de montagem e de desmontagem que eles impõem. Também por ser uma primeira experiência lá, vamos de uma maneira discreta”. (...)

Espiríto de experimentação

O espírito de experimentação além-fronteiras é algo que não é novo aos Clã, “já há muitos anos que é vontade dos Clã passarem para lá das fronteiras do nosso pais, mas é sempre muito complicado pois depende do investimento da banda e também da disponibilidade pessoal. As nossas digressões em Portugal são sempre muito atarefadas e acaba por nos sobrar pouco tempo para investir noutros territórios”, “este ano, que estamos com a digressão um pouco mais tranquila, vai ser um ano de tentarmos pegar nesse investimento que já fizemos e explorar outros mercados. Austin é uma aventura. Não é que confiemos que é o mercado em que os Clã vão funcionar, mas…”.

Barreia linguística

A barreira linguística é algo que de imediato se questiona, ao pensar numa banda que canta em Português a apresentar-se em frente a um público e uma indústria que usa o inglês como língua universal, mas não é uma questão que seja estranha para os Clã: “essa é uma questão que nos colocam sempre quando falamos em internacionalização, mesmo que seja para outros pontos do mundo.

Algumas pessoas apontam-nos o facto de cantarmos em português como sendo uma dificuldade, ou colocam a possibilidade de fazermos a tradução para outras línguas das nossas canções, mas a parte da tradução e da adaptação é sempre muito delicada.

Cantar em Espanhol ?

Recentemente fizemos um exercício de adaptação de uma canção nossa para espanhol, com um tradutor que também é actor. O resultado foi muito bom, porque ele teve não só o cuidado de escrever em bom Castelhano, mas de fazer uma adaptação do espírito da canção que resultasse musical e foneticamente bem na língua espanhola, e isso é uma coisa que nem sempre é fácil. Transpor canções nossas para inglês seria sempre um exercício muito mais complicado…”.

Este questão ganha um enquadramento diferente quando observada não na óptica da tradução e adaptação, mas da apresentação da música no seu formato original e cantada em português.

“Nós temos sempre a sensação (não sei se será ingenuidade nossa e Austin poderá provar isso) que o facto de termos a língua que temos e ela ter a sonoridade que tem, trabalhada com o cuidado que gostamos de pôr no trabalho das nossas canções, acaba por lhes dar uma qualidade a que as pessoas, mesmo que não entendam logo o significado das palavras em si, serão sensíveis de alguma forma”. (...)

Mercado Latino

Existindo mercados como o da América Latina, com todo um mundo falado em Espanhol e em Português, esta questão linguística ainda pode ser considerada de outra forma diferente.

“No nosso caso, o Brasil já é um território que não é propriamente desconhecido, ou onde não somos completamente desconhecidos. Já lá fomos tocar algumas vezes, mas principalmente porque temos feito algumas colaborações com o Arnaldo Antunes e com Pato Fu, coisas que têm criado alguns laços artísticos com criadores brasileiros”.

Colectânea para o mercado brasileiro

Desses contactos, irá resultar a edição de uma colectânea dos Clã, editada pela “Allegro Discos”, de Goiânia. “O Sandro Belo, dessa editora, tinha conhecido o nosso trabalho através do contacto com os Pato Fú. Tinha gostado muito do “Rosa Carne” e convidou-nos para fazer uma versão do tema “Torturas de Amor” de Waldick Soriano, uma canção romântica maravilhosa… e fomos os únicos Portugueses a ser convidados, os únicos intrusos na colectânea.

Ele gostou muito do trabalho e acabou por nos desafiar a ser o primeiro número de uma colecção de colectâneas que ele vai fazer. Uma coisa chamada “Catalogue Raisonné”, onde faz um apanhado de várias bandas. Vai começar com uma banda portuguesa que são os Clã, o que é para nós muito simpático, muito importante.“

(...)

Fonte: adaptado de "Crónicas de Austin"

2 comentários:

josi stanger disse...

Que Bom! então teremos cd do Clã aqui no Brasil!... já era hora!
Beijinho
Josi

Anónimo disse...

a Manuela vai falar para a Antena 3 depois do concerto. Deve ser lá para as 17h00