sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

António Variações por Manuela Azevedo (Blitz Janeiro)


Foi no final de um dia de entrevistas promocionais do Rosa Carne, em meados de 2004, que o convite surgiu. O Paulo Junqueiro, na altura A&R na EMI, falou-nos na ideia de fazer um álbum com canções inéditas do António Variações, descobertas numa caixa de sapatos repleta de cassetes, entretanto organizadas pelo jornalista Nuno Galopim. Queria também reunir para a gravação desse disco uma banda e gostava que nós fizéssemos parte dela. «Gostam da ideia?». Na altura em que o António Variações apareceu nas rádios e televisões, nos breves anos no início da década de 80 em que editou discos, eu era uma adolescente distraída da música popular e concentrada noutras músicas – a que eu estudava na Academia de Música, ao piano.

Mesmo assim, por mais distraída que estivesse, foi impossível não ter reparado na figura exótica e extravagante que aparecia na televisão, no Passeio dos Alegres ou no Vivamúsica. As roupas exuberantes, a barba e cabelos ruivos, a voz inclassificável e a estranha dança que o movia, ficaram na minha retina.

Por pouco que eu ligasse à rádio na altura, decorei sem querer canções como «Estou Além», «O Corpo é que Paga» e «É P’ra Amanhã» e ouvi com estranheza e arrepio a versão de «Povo que Lavas no Rio».

Fonte: Blitz

Sem comentários: